Afinal, o que é?

Ou como seguir?

Primeiro vamos fazer uma pequena viagem no tempo! Precisamos conversar sobre a evolução humana, mas prometo que será rápido.

Os vestígios mais antigos de hominídeos, nossos parentes mais distantes na linha evolutiva que já apresentavam características que os diferenciavam dos macacos, datam de 7 milhões de anos atrás.

O gênero Homo, ao qual pertencemos, tem representantes de 3 milhões de anos.

Há 2,5 milhões de anos, pelos registros fósseis encontrados até o momento, já usavam ferramentas.

O fogo foi importante para novas formas de utilização dos alimentos e o seu uso controlado data de 800 mil anos, pelo menos.

Os indícios do Homo sapiens, a última espécie na linha evolutiva do ser humano, evidenciam sua presença há 200 mil anos.

O gráfico abaixo mostra os grupos desde os primeiros hominídeos até os humanos modernos, baseado no que foi encontrado até o momento.

Para quem gosta do assunto, o link do American Museum of Natural History faz uma viagem no tempo com gráficos que tornam o entendimento mais fácil, mesmo em língua inglesa.

Nesse período todo de existência, os indícios mostram que o consumo de produtos animais foram parte importante para a existência e evolução humana.

Algumas linhas de pesquisa trabalham com a possibilidade do consumo de restos de animais deixados por carnívoros maiores, com o desenvolvimento de técnicas para literalmente quebrar o osso do animal para consumir o tutano.

Com a utilização de ferramentas provavelmente começou também a caça aos animais de maior porte, possibilitando a alimentação de grupos maiores.

O domínio da utilização do fogo trouxe outra perspectiva ao paladar e ao aproveitamento de alimentos, assim como fez parte da socialização do grupo.

Mesmo se desconsiderarmos toda a história dos hominídeos e ficarmos apenas com o Homo sapiens, são 200 mil anos de história, sendo alguns desses anos gravados em pedra através das pinturas rupestres onde são observados momentos vividos em sua época, geralmente com figuras de animais sendo abatidos como uma cena cotidiana.

Contudo não temos as respostas exatas sobre esse passado histórico. Ainda estão sendo descobertos fósseis e novas tecnologias surgem para melhorar a investigação e interpretação de dados obtidos com as escavações e pesquisas.

Fazendo associações com grupos de pessoas vivendo de forma isolada do contexto alimentar atual, podemos pensar que os seres humanos consumiam o que gerasse mais energia conforme o ambiente habitado e conforme a estação do ano.

Por exemplo: em locais de extremo frio o consumo de animais ricos em gordura era (e ainda é) a principal fonte de alimento, enquanto em locais tropicais a oferta de frutas sazonais é maior e há um consumo maior, mesmo que limitado.

Agora vamos a um ponto que mudou o rumo da história da humanidade, e que sem ele provavelmente você não estaria lendo esse texto através de um mecanismo digital e eu não estaria escrevendo sobre esse assunto.

A Revolução Agrícola.

Somente há 12 mil anos que os grupos começaram a formar aldeias, com a criação de animais e início de cultivo de grãos, além das técnicas de armazenamento e cozimento para eles, pois não há possibilidade de comermos na forma crua.

Quando falamos em termos evolutivos, esse tempo transcorrido é pequeno para mudanças metabólicas. Ou seja, nosso corpo ainda trabalha como o dos nossos ancestrais, porém com uma alimentação totalmente diferente.

Mesmo pequenas mudanças para absorver melhor algum tipo de nutriente, essas ficavam restritas aos grupos, que aos poucos foram se mesclando até chegar ao ponto da globalização populacional recente. Ou seja, não sabemos qual habilidade o nosso corpo pode ter herdado com relação a um ou outro alimento, mas queremos comer de tudo um pouco.

Sem contar na transformação mais recente ainda: o advento do “produto alimentício”, que, na minha opinião está muito distante do alimento real.

Nas últimas décadas o ser humano tem procurado cada vez mais as comodidades geradas pelo desenvolvimento cerebral conseguido às custas de alimentos que realmente conseguimos metabolizar. A procura por pacotes com sabores que nos agradam, que tenham uma boa propaganda de vitaminas, entre outras falsas promessas, levaram o ser humano para o mais distante do que seria o natural na alimentação.

Preciso expor aqui também a falácia da gordura animal ser a responsável pelas doenças cardiovasculares, entre outras, iniciada na década de 1950 por Ancel Keys, que levou ao que eu hoje considero um dos maiores erros da nutrição e da medicina, pois foram feitas mudanças drásticas de orientações à população (e que só piora com o decorrer do tempo) sem a devida investigação clínica e discussão entre os pesquisadores com visões diferentes (outro ponto que ainda é muito comum atualmente).

Concomitante a tudo isso explanado, temos atualmente uma explosão de doenças crônicas em idades cada vez mais precoces: hipertensão, diabetes, obesidade, doenças autoimunes, doenças inflamatórias…

Vivemos uma geração em que os filhos são mais doentes que os pais!

O estilo de vida paleo tenta resgatar exatamente isso: o que fomos feitos para comer!

Nossa fisiologia trabalha muito melhor com alimentos de origem animal.

Sabemos o que não era consumido: sementes de gramíneas (como arroz, aveia, centeio, milho) ou de leguminosas (feijão, soja, grão-de-bico, amendoim). Pelo menos não até o surgimento de técnicas que reduzissem a sua toxicidade e facilitassem o seu consumo.

E qual a finalidade dessa toxicidade presente em alimentos de origem vegetal? É o sistema de defesa da planta, para evitar que um predador coma e destrua a sua semente, ela possui substâncias que o fazem passar mal, aguda ou cronicamente, e outras que protegem a semente da ação de enzimas, evitando a sua digestão.

E essas substâncias são chamadas de antinutrientes, pois no organismo se ligam a nutrientes, evitando a absorção desses pelo “predador”, levando junto através do trato gastrointestinal.

Em resumo: o estilo de vida paleo tem a proposta de prevenir e até reverter doenças crônicas, através da mudança alimentar e do estilo de vida como um todo, olhando para o nosso corpo com mais conhecimento sobre a reação com relação a certos tipos de alimentos.

De uma forma geral, esses são os pilares básicos que costumo trabalhar:

1 – Comer carnes, ovos, folhas, frutas e raízes. Observando que quem já tem doenças presentes, pode obter benefícios com uma avaliação específica dos alimentos feita de maneira individualizada, sendo muitas vezes necessária a retirada de algumas classes de vegetais.

2 – Não comer sementes de gramíneas ou leguminosas (aveia, trigo, arroz, feijão, soja, centeio, milho, grão-de-bico, amendoim).

3 – Evitar açúcar, leite e derivados (novamente precisa ser individualizado).

4 – Evitar o consumo de álcool, tabaco e outras drogas.

5 – Movimento.

6 – Sono de qualidade.

7 – Socialização da forma que for possível.

8 – Autoestima, trabalhando o seu olhar fora do padrão estimulado pelas mídias sociais e sociedade como um todo.

Por isso tudo eu não chamo apenas de dieta paleolítica e sim um estilo de vida. Essa é a forma que eu abordo em consultório de forma muito individualizada pois cada pessoa está em um ponto do caminho!

Para algumas pessoas será uma abordagem paleo cetogênica, para outros a paleo carnívora, ainda tem a paleo autoimune (baseada em parte no protocolo Whals) para pessoas com diagnóstico de doença autoimune, ou a paleo no seu princípio mais básico, COMIDA DE VERDADE, sempre aplicados de uma maneira realista e individualizada.

Temos muito para conversar ainda, então vou deixar para os próximos tópicos!

Espero que continue por aqui.